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A escalação natural do preto para o papel de antagonista da vida.

Eu gostaria de começar esse texto com uma dedicação especial a minha professora de língua portuguesa do segundo ano do ensino médio, uma mulher cis de meia a idade, branca, que ao explicar para uma sala de aula com 40 pessoas o significado da palavra quista, me usou como exemplo, citando que talvez eu não fosse uma pessoa quista em alguns ambientes porque o meu posicionamento é sempre muito forte e sempre pode causar desconforto - professora, eu nunca me esqueci das suas palavras.


Como futuro cientista social, reconheço que talvez esse ponto de vista não deva ser levado em consideração pois não podemos - em hipótese alguma - analisar um problema da sociedade a partir de nossas próprias experiências.


Como combater um problema se está inserido no problema diariamente?


Aqui, no núcleo marginalizado da vida, ocupar qualquer espaço que não seja a periferia é uma forma de resistir. A minha voz e meu corpo preto, fruto de uma relação que burlou a segregação racial velada brasileira, sempre causará alvoroço e indignação. A minha existência é a personificação da oposição.


A característica mais marcante do meu personagem desde a infância é a privação de afeto e socialização com uma única justificativa: medo que eu me comporte feito um animal selvagem ao receber qualquer ipo de interação humana que não esteja dentro do que a segregação social permite.


anos já se passaram, mas algumas regras seguem intactas e a mais forte entre todas é de atribuir a violência e a agressividade a todo e qualquer ato que seja oposto do que esperam que um negro faça - essa regra é a arma mais potente do racismo porque ela sempre confirmará que a segregação deve existir.


300 anos já se passaram, mas algumas regras seguem intactas e a mais forte entre todas é de atribuir a violência e a agressividade a todo e qualquer ato que seja oposto do que esperam que um negro faça - essa regra é a arma mais potente do racismo porque ela sempre confirmará que a segregação deve existir.


Aos 25, ainda me recordo da minha professora sempre que vou me posicionar sobre qualquer coisa, desde os assuntos mais banais até os assuntos mais sérios. Sempre penso que não serei uma pessoa quista por um bom tempo, e sei que se pudessem, me colocariam uma máscara de flandres.

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