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Foto do escritorJuliana Ribeiro

Implorar por amor


Nunca irei esquecer. As dificuldades que passamos, os perigos que corremos, os vacilos que você deu, mas eu sei que dei também: porque se você pisou na bola, talvez o erro seja meu.


Todas as vezes que você disse não para mim. Todas as vezes que me tratou como se eu não fosse importante, como se eu não valesse a pena. Mas agora vai ser diferente, você jurou pra mim.


Um dia você vai agradecer porque eu fiquei, eu sei disso. Um dia você vai olhar para trás e ver que se não fosse por mim, você não seria o homem que é agora. Que minhas noites mal dormidas cuidando de você não foram em vão. Você é meu amor tranquilo, não lembra disso? Esse amor às vezes me desgasta, parece que preciso me arrastar. Sinto que às vezes nem suficiente é. Mas eu faço de tudo, eu movo as montanhas se quiser. Te dou o meu mundo, faço de mim a tua morada.


Me aceita, por favor?


Às vezes eu tenho a impressão de estar implorando por amor.


Nota da autora: uma pessoa que abusa sempre irá fazer com que você se sinta culpada. A manipulação, o controle, as sutilezas e os pingos de afeto também são estratégias desse abuso. Vale ressaltar que esse texto foi escrito a cinco anos atrás. Na época, tinha acabado de perceber que o que sofri foi violência. A psicoterapia, rede de apoio e o pouco que eu tinha de momentos sozinha foram cruciais para que eu pudesse perceber e achar mecanismos para sair. Se você passou ou está passando por isso: a culpa não é sua.


É preciso romper com toda uma concepção sobre o que é amor. E nós, mulheres, fomos ensinadas de que amar é se anular. Por isso é tão fácil entrar em relações violentas.


E é por isso que a subversão é necessária: para que possamos nos salvar.


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