Semana passada, dialogamos alguns pontos importantes para elaboração de afetos românticos, tema pouco referenciado às mulheres PCDs, Gordas, Negras, Trans ou Travestis.
E hoje, é dia de dialogar sobre relações afetivas-sexuais de mulheres trans e travestis, utilizando como base a dissertação de Mestrado Disponível da Professora e doutoranda em teoria e estudos literários, Frida Pascio Monteiro.
Como a mulher transsexual e travesti amam? E como amam seus corpos? Frida descreve, primeiro, o que é a heteronormatividade e como os conceitos de biologização, patologização e judicialização são utilizadas para continuar violentando vidas trans. Suas análises, traçam a pesquisa para a objetificação desses gêneros transfemininos e como os pontos sociais e raciais interferem também na sua percepção de afeto.
Uma das entrevistadas é uma travesti preta, que trabalha com prostituição. Ela não vê uma possibilidade de envolvimentos afetivo-sexual, visto que os homens só se relacionam com ela quando ela está dando algo ou fazendo algo. Já em outro depoimento com outra entrevistada, que trabalha como auxiliar de enfermagem e é branca, entende que seu relacionamento ideal seria igual ao de um relacionamento cis.
Aqui, classe social, raça e escolaridade também são fatores determinantes para essa construção do ideal.
Há interseções entre travestilidade e negritude, que Frida nomeia e explica com maestria. Mulheres trans e travestis pretas entrevistadas não se vêem em relacionamentos monogâmicos. Outras nem tiveram experiências românticas, apenas o sexo casual.
Se puxarmos para a saúde mental, quantas travestis e transexuais foram minadas de amar? Quantas acreditam que o amor não é para elas?
Por mais possibilidades de afeto!
A dissertação que serviu de base para este texto está disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/194086>.
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