Você deve ter visto algo sobre a trend “POV: Homens” nos últimos dias, mas caso não tenha visto, podemos fazer um resumo: A trend consistia em postar prints de uma conversa real com algum homem, seja namorado, ficante ou o mais novo termo: conversante.
Nesta trend, algo completamente inusitado é dito pelo homem em uma conversa séria, os assuntos iam desde confissões de traições até declarações amorosas que mais depreciavam a mulher do que elogiavam: frases tão "sem pé nem cabeça" que acabam dando uma pitada de humor.
A definição perfeita de rindo para não chorar.
Conversando sobre essa trend há alguns dias, começamos a pensar... por qual motivo esses homens sentem-se tão a vontade em brincar até mesmo no momento de contar algo sério?
A responsabilidade afetiva nas relações é algo que esperamos dos homens ou a masculinidade os incentiva a não tê-la?
Em momentos como este, percebemos que a visão de masculinidades dentro de relações românticas são vistas como algo irrelevante e descartável.
Parece que as relações de amizade de homens com outros homens são mais dignas de cuidados, menos tolerante a erros que caso aconteçam, terão episódios de arrependimento e pedido de desculpas.
Em relações heterossexuais, o machismo é um dos grandes fatores para que os homens não vejam suas relações românticas como dignas de atenção.
Ouvir as reclamações de uma mulher? Mudar seus próprios comportamentos pois podem incomodá-la? Para valorizar uma relação precisamos de muito respeito (e consideração rs).
Pelo prisma da masculinidade, o que vale mais: Relações amorosas ou relações sexuais?
É como se o homem fosse, desde o primeiro momento, encorajado pelo seu próprio grupo, a conquistar o sexo e negar o afeto. Em outras palavras: O afeto educa a sensibilidade e a sensibilidade não condiz com o imaginário masculino.
Para vivenciar relacionamentos saudáveis e de longo prazo, respeito e maturidade são indispensáveis. Quando existe uma falta de um desses dois fatores o surgimento de conflitos é muito provável. Quando pensamos na construção dos gêneros e quais as expectativas neles colocadas conseguimos perceber um certo padrão de comportamento.
Segundo estudo feito pelo pelo canal Nickelodeon UK com a população inglesa e informações divulgadas pelo site do jornal Telepraph, 80% das mulheres acreditam que homens nunca deixarão de ser infantis. Participaram deste levantamento tanto homens quanto mulheres que consideraram que pessoas do gênero feminino amadurecem antes do gênero masculino. Um em quatro homens se considerou imaturo – valor quase duas vezes maior do que o registrado entre mulheres.
Dentro dos relacionamentos heterossexuais, elas também foram colocadas em uma posição superior, já que têm o dobro de chance de serem elevadas ao posto de “adultas da relação”, perante o parceiro. Um exemplo disso é o fato de que 30% das pesquisadas já terminaram um relacionamento após “perderem a paciência” com a imaturidade do companheiro e 25% delas sentem que são as pessoas que tomam as decisões importantes enquanto 46% já sentiram que eram mães de seus companheiros. Mesmo que a pesquisa apresente dados do Reino Unido, o comportamento também pode ser observado no Brasil.
A masculinidade deste o primeiro momento ensina o que é necessário ou não para o homem aprender e realizar durante a sua vida, enquanto o cuidado e a sensibilidade estão atreladas ao imaginário do que é feminino, como os homens poderão construir relações de longo prazo sem que haja desconstrução?
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