Dialogar sobre promoção de saúde mental no ambiente de trabalho é fundamental para possibilitar um ambiente humanizado e produtivo.
Mas porque será que notamos a ausência dessas medidas em nossos trabalhos e um número expressivo de pessoas se queixando de suas relações hierárquicas, de falta de reconhecimento e principalmente dos excessos que são impostos nas relações de trabalho?
O trabalho é marcado pelas relações sociais, passamos grande parte do nosso tempo e é um lugar onde nos realizamos também. Define parte da gente e organiza nossa vida, mas ele também é tecido por estruturas de poder que negligenciam a saúde mental.
No contexto da diversidade, nos deparamos escancaradamente com um grupo de pessoas enfrentando maiores desafios no desenvolvimento de carreira e invisibilidade que outras.
Pessoas com deficiência sofrem exclusão quando inseridas no mercado de trabalho, pessoas negras não ascendem nos cargos de gestão equivalente às pessoas brancas, pessoas LGBTQIAPN+ sofrem repressões diárias com suas equipes, fora a desigualdade de gênero que assola um grande número de mulheres.
Onde estão as políticas de cuidado com o sujeito trabalhador?
A liderança sabe lidar com pessoas ou exerce apenas a autoridade para garantir as entregas e silencia a espontaneidade dos trabalhadores? O RH tem cuidado de pessoas ou apenas de processos?
As violências estruturais se infiltram no ambiente de trabalho afetando a saúde mental dos trabalhadores através de falta de reconhecimento, salários injustos, discriminação, preconceito e desigualdade.
Produzir mais sofrimento no trabalhador é sinônimo de maior produtividade e lucro.
A individualização dos erros, a busca por culpados e as humilhações públicas produzem pessoas mais competitivas, disciplinadas, que performam cada vez mais com menos recursos à base do medo. As más condições de trabalho podem causar adoecimento, sofrimento emocional e prejuízo no funcionamento profissional, além dos muitos estigmas acerca dos afastamentos de saúde.
Precisamos de espaços de trabalho seguros que invistam e se debrucem em medidas de enfrentamento saudáveis em saúde mental em favor do desempenho individual e coletivo.
Pessoas precisam ser vistas como seres humanos completos e atravessados por muitas demandas e não apenas como mão de obra. Precisamos questionar como esse sistema opera, como essas estratégias vão se infiltrando em nossa subjetividade e o quanto colocamos em dúvida nossas potencialidades e nossa intelectualidade por meio de ações e pensamentos.
Que possamos verdadeiramente nos acolher, nos defender e lutar por nossos direitos e por trabalhadores cada vez mais emancipados.
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